O grupo suíço Burger adquiriu a licença da marca em 1976, e produz até hoje os charutos, que não perderam seu prestígio na Europa. Atualmente a empresa se concentra no mesmo local. O prédio foi restaurado, mas a fábrica continua sendo exatamente no mesmo local de sua fundação, na orla de São Félix. A novidade é que se fundou o centro cultural Dannemann (mesmo prédio), que expõe pinturas, fotografias, xilogravuras e tabacaria com charutos e cigarrilhas.
Hans Leusen, Presidente da Cia. Brasileira de Charutos Dannemann e fundador do Centro Cultural, criado em 1989, com a restauração da fábrica, está muito contente com os resultados, pois o Centro Cultural é mencionado em todos os lugares como um marco na arte da Bahia.
O caráter turístico e artístico é uma das significativas mudanças da atual fase. Através de profissionais especializados, são recebidos grupos estrangeiros, equipes de reportagem, estudantes de escolas públicas e universitários. É mostrado, na prática aos visitantes, o processo de produção, a história da fábrica e suas curiosidades.
O processo inicia-se em fazendas da região. Pequenos lavradores plantam entre São José, Governador Mangabeira e Cruz das Almas, tirando da lavoura de fumo, na maioria das vezes, sua única forma de sustento. A empresa, além de valorizar a mão-de-obra local, disponibiliza como forma de auxílio a estes produtores, um técnico agrícola, sementes e adubo. Para a formação, fornece alfabetização para funcionários, inclusão digital e cursos de inglês para os filhos dos lavradores.
Devido ao teor de cloreto na terra, utiliza-se na irrigação, água processada em osmose reversa, que contribui para a diminuição de minério do solo. Desta forma cria uma folha de fumo com alta qualidade e que satisfaça o exigente mercado europeu.
São 49 dias do plantio até a colheita. Duas empresas do mesmo grupo econômico: Danco Com. e Ind. De Fumos, plantam, colhem, secam e fermentam o produto. A fermentação se dá através do calor da estufa e de sua arrumação em pilhas. Após esta etapa, o fumo é vendido para a Cia Brasileira de Charutos Dannemann, que produz os charutos para exportação.
As charuteiras
Funcionárias com roupas típicas de “Baianas”, com lenços coloridos na cabeça, produzem o famoso charuto em um salão amplo e aberto ao público. Cada uma em sua bancada de madeira feita especialmente para o fabrico, igualmente ao antigo modo de produção.
Acostumadas com a visita de grupos de estudantes, pesquisadores, professores e curiosos, as atuais charuteiras, como são chamadas, demonstram muita hospitalidade e simpatia com os visitantes. A produção é artesanal, e o único aparelho utilizado é uma máquina que mede a densidade do corpo do charuto. São jogados fora todos os charutos que não passam neste teste.
Etapas da produção
3ª etapa (capeamento) – Coloca-se a última folha do fumo, chamada de capa. Esta folha necessita de uma produção especial. Agrônomos especializados acompanham todo o processo. Após o capeamento é repousado mais 15 dias em uma estufa.
Responsabilidade social
Além da visita ao centro cultural Dannemann, a empresa disponibiliza passeios, acertados previamente, com alunos de universidades e escolas por fazendas produtoras do tabaco. Os estudantes saem de São Félix por volta de nove horas da manhã. Durante o percurso são visitadas duas fazendas ao lado de um engenheiro agrônomo que explica e dá dicas sobre as etapas de produção. Pela tarde os alunos almoçam em Cruz das Almas e de lá voltam para São Félix para a visita detalhada da fábrica e do Centro Cultural.
O charuto é uma arte. Que se pode gerar arte a partir dele já é uma novidade. Pinturas, xilogravuras, fotografias, vídeos, arte. Alfabetização, inclusão digital e aulas de inglês para filhos de pequenos lavradores. A mais antiga fábrica de charutos do Brasil mostra que a produção de charutos é apenas um de seus ideais.
Um comentário:
Massa! Muito bom texto. Pena que o Danemman tenha esses "receios" fúteis que as pessoas divulguem seu conteúdo.
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