MARCONDES FILHO, Ciro. Até que ponto, de fato, nos comunicamos?: uma reflexão sobre o processo de individuação e formação. São Paulo: Paulus, 2004. Pg. 15-16.
"A comunicação não está na difusão em massa dos jornais, televisões, revistas, publicidades de rua e semelhantes; aí ela é apenas difusão, eu emito sinais e formas livremente e alguém os capta, mas, rigorosamente, não se trata de comunicação, pois não há ação recíproca, a troca, o aprendizado instantâneo e num mesmo ambiente contextual de um com o outro. Quer dizer, a comunicação não se realiza no expresso, no intencional, na maquiagem que pretendemos de nós, de nossas coisas, de nossos produtos, de nossas ações; tudo isso fornece sinais de nós, que são decodificados livre e aleatoriamente pelos que são por eles sensibilizados. No não-intencional, na imagem que transmitimos incontroladamente de nosso corpo, de nossa postura, de nossa expressão, deixamos entrever o que há de sincero
Comunicação tampouco é instrumento, mas, acima de tudo, uma relação entre mim e o outro ou os demais. Por isso, ela não se reduz à linguagem, menos ainda à linguagem estruturada e codificada numa língua. Ela ultrapassa e é mais eficiente que esse formato, realizando-se no silêncio, no contato dos corpos, nos olhares, nos ambientes." p. 15-16.
Ciro Marcondes Filho, sociólogo, jornalista, professor titular da ECA-USP, doutor pela Universidade de Frankfurt (Alemanha), com pós-doutorado pela Universidade de Grenoble (França). Publicou, dentre outras obras, A produção social da loucura (Paulus, 2003).
3 comentários:
Curti... Marcondes é mesmo muito bom!
(Essa nota aí fica pra auxílio da galera da final de Pitombo)
Comunicar: uma arte de poucos. E não basta apenas falar, é necessário agir. Mais que isso, a ação precisa ser "recíproca".
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Ótima citação!
Beijo.
Faz-me relembrar um longo debate!
Comunicar é basicamente relacionar-se.
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