domingo, 25 de outubro de 2009

A obra-prima

Dizem que nas proximidades de um reino esquecido, seguindo a cordilheira do Himalaia, passando a garganta do Cachoeirão, pela tribo dos Wakas e depois da Floresta Negra mora um homem de meia idade com grande sabedoria e que esculpe verdadeiras obras divinas. Seu lar é uma cabana feita por ele, toda de madeira e cheia de móveis rústicos, um mais criativo que o outro.

Nos dias atuais, uma obra em especial é reconhecida como a mais perfeita escultura já produzida. O que mais impressiona a todos são seu polimento perfeito, seu acabamento singular e a paz de espírito que possui o tal objeto de terras tão distantes. Sua pintura avermelhada esconde o desgaste em cálculos complexos, noites perdidas e o amor entremeados na fibra da madeira.

Dias atrás foi leiloado por uma fortuna e disputado por colecionadores e admiradores de arte de toda parte do mundo. Não é antropomórfico, mas possui mão, braço e um poder de expressão passível de um animal racional. Em cada ponto que lhe é tocado, um sentimento diferente é transmitido e uma emoção ímpar é absorvida. Queria o deixar numa caixa de vidro por toda a eternidade, protegido das mãos suadas dos curiosos e dos possíveis acidentes. Mas como, se sua verdadeira função é no contato corporal com seus súditos, o envolvimento de ambas as partes, a transmissão de conhecimento?

Encontrado um mapa centenas de anos depois do falecimento do artista, com auxílio de pistas e desenhos simbólicos, conseguiram chegar a uma espécie de manual do objeto. Hoje em dia muitos têm acesso ao reconhecido instrumento. Suas seis cordas e acústica trazem muita felicidade, desde rodas de amigos até grandes produções, mas poucos conheceram a singularidade, pureza e magia daquele instrumento de madeira produzido por um homem de meia idade que morava em uma cabana feita de madeira nas proximidades de um reino esquecido...

4 comentários:

Marília Marques disse...

Um obra-prima de escrita e de blog!

Cristiano Contreiras disse...

Talentoso e escreve como um domador da palavra, parabéns! Blog conceitual e bem literário, na medida certa. Sem mais, nem menos.

Abraço, meu irmão Sol!

Larissa Araújo disse...

Caiã, adorei o sey blog.
Amei o layout e o texto.

Bjuww
Já estou seguindo.

Nina disse...

Sabe aquele friozinho que sobe na barriga quando você descobre a resposta de uma charada? É, eu senti isso.

Sabe que mais, a vontade de não querer parar de ler.

Seu texto tem acordes agradáveis de se escutar.

*-*


ps: não tô seguindo, porque não gosto de seguir, meu negócio é linkar. Linkei seu blog no meu, ok? ;)