quinta-feira, 29 de abril de 2010

Pé no chão


O cantil, cheio novamente, acompanha passos largos e cadenciados. Pés endurecidos rompem a serra em parceria das panturrilhas encharcadas com orvalho do mato rasteiro. Inclina-se pra frente o corpo, se sobe, se sobe... Os calcanhares sugam a energia ao se moldarem na terra roxa .Ser vivo que pulsa e que enlouquece; máquina que respira, bombeia  e se desnorteia.

Galhos espinhentos cortam a pele e conhecem a carne, nada o faz sentir aqueles gravetos...A ferida aberta  aumenta a sede da carne seca que contentava-se com  ar impuro guiado até brônquios  sujos  e famintos. Inspira, expira, inspira, expira, o suor  escorre salgando os trêmulos lábios rubros. Água persistente e sofrida, água detentora daquele céu nublado, água escura e gelada que arrebata os tornozelos, dói na alma. A plenitude é esboçada, o sorriso se livra das entranhas, veja o céu! Diz os braços ao se erguerem involuntariamente.

Pássaros gorjeam, festejam e rodopiam sem medo de serem subestimados. A água continua seu percurso, seguindo e seguindo, por entre veios rochosos, por entre raízes de árvores retorcidas, bromélias e orquídeas. Enclausurado em liberdade em meio a blocos de pedra de um majestoso canyon, alimenta-se da terra, saboreando-a com gosto, salivando e clamando por mais.

3 comentários:

Renata Reis * disse...

Adorei Cacáá !!!
Um beijo .

Dhalila Nogueira. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mariana disse...

Texto ta baum demais da conta! kkkkk

Beeeijos